ANDRÉ GAIO PEREIRA & FRANCISCO SASSETTI
Quarta-feira, 3 abril | 21h30
Solar dos Ataídes (ao terreiro), Leiria
Data: Quarta-feira, 3 de abril | 21h30
Local: Solar dos Ataídes (ao Terreiro), Leiria
Preço: Entrada Livre
Johannes Brahms (1833-1897)
Ludwig Van Beethoven (1770-1827)
Sonata para Violino e Piano Nº4 em Lá menor, Op.23
Achille-Claude Debussy (1862-1918)
Sonata para Violino e Piano, L.140
Georger Gershwin (1898-1937) arr. Jascha Heifetz
Porgy & Bess Suite
ANDRÉ GAIO PEREIRA*, violino
FRANCISCO SASSETTI, piano
*Vencedor do Prémio Jovens Músicos da RTP/Antena 2
A Sonata FAE é uma obra colaborativa, acontecimento algo raro no mundo da música clássica. Os compositores Robert Schumann, Johannes Brahms e Albert Dietrich juntaram-se, cada um escrevendo um andamento, para completar uma sonata a oferecer ao violinista Joseph Joachim. O acrónimo FAE significa “Frei aber einsam” (livre mas só) e era o motto de Joachim.
O andamento aqui apresentado é o único que ainda é tocado de forma regular nas salas de concerto. É um Scherzo, isto é, um andamento rápido com uma secção mais lenta (trio), composto por Brahms. O caráter grandioso e jovial da peça mostram dois aspetos: o ainda muito jovem compositor que está na flor da idade e a amizade e respeito profundos que já nutria por Joseph Joachim, companheiro de vida.
A Sonata Nº4 em Lá menor, Op.23 de Ludwig van Beethoven tem uma história engraçada a ela associada. Escrita em 1802, atravessava o compositor o período a que os musicólogos chamam “intermédio”, foi publicada ao mesmo tempo que a sua sonata irmã, a sonata “primavera”, Nº5 Op.24. As duas formavam um conjunto e foram enviadas para a editora para serem impressas no mesmo livro. Contudo, devido a um erro técnico saíram em tamanhos de papel diferentes e os custos de nova impressão não justificavam reiniciar o trabalho. Assim ficaram cada uma com o seu número de catálogo. Onde poderia isto acontecer hoje?
Em três andamentos, esta sonata revela a influência do mais famoso professor de Beehtoven, Joseph Haydn. O caráter da peça muda constantemente, tendo como raíz uma certa urgência e mistério. O segundo andamento transmite procura, com frases longas que se transformam em pequenas fugas nobres com episódios diversos. O último andamento é típico do compositor, virtuosístico na sua escrita com momentos de indecisão harmónica e narrativa que provocam os instrumentistas a encontrar uma história convicente para contar.
A Sonata para Violino e Piano de Achille-Claude Debussy é uma das mais famosas para esta formação e foi a última obra que o compositor completou, em 1917. Apesar da importância que tem no repertório violinístico, facilmente se esquece que a obra está inserida num projeto maior: um conjunto de seis sonatas para diferentes instrumentos, planeado e iniciado em 1914 por proposta da casa que editava as composições de Debussy.
Apesar de se associar o compositor francês ao Impressionismo, movimento artístico que surge na pintura em meados da década de 1860, era o próprio quem rejeitava essa noção. Se alguma coisa, a sua música representava a realidade, dizia. Esta sonata revela um compositor experiente, com absoluto domínio da técnica de composição para os instrumentos em questão. Apesar da sua curta duração – característica pouco recorrente em outras composições do mesmo género – a música evoca os mais variados cenários e suas cores, de momentos plácidos e de contemplação, a ambientes urgentes em que o ritmo e a tensão harmónica atropelam músicos e público.